quarta-feira, 19 de maio de 2010

sustentabilidade em toda parte

Perdi aula do mestrado para ir ao seminário sobre propriedade intelectual e design, valeu a pena. A discussão girou em torno de como agregar valor ao seu projeto e como protegê-lo. O pessoal do INPI esteve presente também e pude observar como as questões relacionadas aos conceitos a sustentabilidade hoje em dia preocupam industriais, designers e profissionais do marketing.

 Como fazer diferente, inovar e projetar com base nos 3 R´s

Reciclar
Reutilizar
Reduzir


Acrescento aí: 
Respeitar
Repensar


Como fazer um produto inovador com base nos conceitos éticos ambientais e introduzir no mercado a sua idéia?
A equação correta envolve muitas pessoas de preferência com visões diferentes para que a discussão seja aberta e sem "vícios"; plano de negócios, testes, pesquisas, gerenciamento do projeto, participação em editais, prospecção para descobrir prováveis parceiros, envolver "juniors" ou incubadoras de empresas no projeto e estar aberto para novas idéias, mantendo o equilíbrio entre os aspectos racionais e objetivos com os subjetivos foram algumas dicas que colhi na palestra do Cláudio Patrick da Clever Pack, mas o que ficou mesmo foi o enfoque que ele deu para a questão dos novos paradigmas que devem ser forjados no cotidiano das empresas. Não como um alarme utópico - mas sim como uma necessidade de adaptação e seleção natural em que os modelos antigos de gestão e produção estão fadados à extinção por meio das exigências primordiais do nosso planeta, que não suporta mais o modelo de consumo e desenvolvimento capitalista e desenfreado; sem medir conseqüências e impactos deixados pela corrida mercadológica  e por parte da sociedade que hoje passa a cobrar soluções dos empresários e não mais do governo, pois o poder esta nas mãos das corporações, portanto, o destinatário das cobranças também.

Segui muito feliz para o Fashion Business e logo na entrada dei de cara com uma ambientação com enfoque  na sustentabilidade. Jardins suspensos nas paredes, madeira reutilizada, material reciclado para os móveis e muita PROPAGANDA com as palavras SUSTENTABILIDADE, RECICLAGEM, PLANETA  etc. Achei um tanto cômico entrar no  f a s h i o n (moda)  B u s i n e s  s (negócios, comércio, consumo...) e respirar essa atmosfera propagada em todo o conceito do evento (claro que não preciso lembrar que agregar valor, sentimento e estima a marca entram nessa modelagem “altruísta”).
O que senti falta – até procurei, mas não encontrei – salvo 2 ou 3 marcas - foram stands de marcas que realmente trabalham com base nesses conceitos. Vi ao contrário muito desperdício de “lixo” (leia-se exagero de folders espalhados, embalagens, plásticos, garrafas com 80% do conteúdo sem beber e descartadas em algum canto etc.) Daí me perguntei como pôde o estrategista de marketing idealizar um projeto tão bacana e esquecer de incluir – ou chamar para participar dessa enorme responsabilidade que é difundir os preceitos da sustentabilidade; os comerciantes que lá expuseram suas marcas? Qual a quantidade de lixo eles produziram? Para onde foi? Eles separaram parte da sua coleção para produtos ecologicamente corretos?
Quantos usaram malha reciclada? Orgânica? (bambu leia-se mkt-verde). Quantos usaram tintas não tóxicas, não poluentes para suas lindas estampas? Quantos empregaram comunidades ligadas a associações, ONG´s e cooperativas?

Falar de sustentabilidade é bonitinho, “está na moda”, mas ser sustentável requer um pouco de “xiitismo”, tem que investigar os processos de toda a cadeia da produção até a distribuição e comercialização de um produto ou idéia, tem que ter ética e moral e essas duas últimas palavrinhas, lamento muito, são esquecias por muitos profissionais do segmento de moda, e eu, que escolhi a área por amar inovação, criação e comportamento, me sinto às vezes envergonhada de fazer parte de um grupo dominado por um padrão que banaliza conceitos tão importantes – que merecem respeito, que não são fúteis, que diz respeito à geração ao qual pertenço, da minha anterior e das futuras.

Por outro lado fico esperançosa de que a iniciativa servirá para pelo menos fomentar a discussão e difundir os conceitos ou conscientizar a população através da super exposição que os meios de comunicação geram, tenho esperança que essa informação será passada com ética também, respeitando o significado dos termos e sem apelos.

A propósito... Amanhã estarei no fórum Internacional de comunicação e sustentabilidade!!!! Estou ansiosa para ouvir tanta gente engajada na busca por soluções para essas questões.

3 comentários:

  1. Primeiramente parabéns pela análise feita do fórum e pelo ponto de vista apresentado.

    Contudo, apresento um contra ponto:

    Mesmo que os empresários, governo e pré candidatos à presidência foquem no tema sustentabilidade, que você mesma cita ser um assunto banalizado, entendo que há uma hipocrisia em querer aplicar o conceito em tudo que vemos pela frente.

    Apesar das idéias serem válidas, às vezes elas são utópicas do ponto de vista do sistema capitalista. A sustentabilidade confronta diretamente com o capitalismo, com a competitividade e com o capital propriamente dito.

    Um produtor, um empresário ou até mesmo um consumidor que não possui condições financeiras, culturais e sociais de aplicar a sustentabilidade, ele vai permanecer com seus custumes de "agredir" o meio ambiente seja da forma que for, justamente pela utilidade e necessidade que o ser humano têm de consumir e produzir. Caso essas pessoas sofram represárias ou retaliações por não estarem seguindo os conceitos de sustentabilidade, automaticamente elas estarão sendo excluídas da competitividade e/ou da sociedade.

    Portanto, um dos pilares da sustentabilidade já entrou em contradição: o social.

    Vejo que o conceito de sustentabilidade não deve ser dominante e tampouco agressivo aos que não o utilizam.

    Boa noite.

    Abraço

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  2. Brilhantes colocações Fernando, prometo que amanhã responderei com calma, hoje lembrei muito das suas questões ao ouvir alguns pensadores...Estou ansiosa para completar esse intercâmbio de ideias! Bjos

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  3. Vamos lá Fernando,

    Vc disse que a sustentabilidade confronta o capitalismo... Até a China já disse que quer parar de crescer, se eles, os chineses fizeram as contas e constataram que tava ficando caro despoluir, ficar sem recursos naturais como a água e preservar; então fica mais barato crescer menos... Se vc é economista então use a lógica de um pragmático...

    Outra coisa, um empresário, agricultor ou consumidor como vc disse podem continuar produzindo ou consumindo, pois nós somos consumidores - sempre fomos e sempre seremos mas podemos mudar a forma de pensar e começar a usar a inteligência e a consciência para que não nos afundemos por conta de simples mudanças de paradigmas, basta saber usar a tecnologia, inovação e design de forma correta e também claro parar de desperdiçar inultilmente... Sai mais barato viver, é sustentável é mais econômico, lógico e ético!

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